A apresentação da ideia do projeto de requalificação dos Largos do Pelourinho
atraiu, nesta quarta-feira, 18 (julho, 2012), dezenas de pessoas – dentre
comerciantes, representantes de órgãos públicos, instituições que atuam na área
e moradores do Centro Histórico de Salvador (CHS) – para o Largo Tereza
Batista. O projeto é fruto de um concurso nacional de ideias promovido pelo
Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), autarquia da
Secretaria Estadual de Cultura (Secult/BA), e organizado pelo Instituto dos
Arquitetos do Brasil – Departamento da Bahia (IAB-BA), com o intuito de
desenvolver nos três importantes espaços culturais do CHS: os Largos Tereza
Batista, Quincas Berro D’Água e Pedro Arcanjo, melhorias que atendam à demanda
da população de Salvador e dos turistas.
A ideia vencedora – do Studio Arthur Casas – foi
escolhida por um júri internacional formado por renomados especialistas, a
partir de 33 propostas construídas por arquitetos de todo o país. O projeto
prima pela melhoria desses locais, mas sem interferir no conceito em que eles
foram criados, buscando atender às exigências contemporâneas de funcionalidade,
mobilidade, acessibilidade, segurança e conservação, além de requisitos
específicos de visibilidade e acústicas dos palcos e viabilidade
econômica, social e tecnológica.
Em uma tarde, o diretor-geral do IPAC, Frederico Mendonça, e o arquiteto
sênior do Studio, Pedro Ribeiro, expuseram as principais alterações que os
locais sofrerão com as reformas, tiraram dúvidas dos participantes e
aproveitaram para colher informações que possam ser acrescidas às
reestruturações. Antes, o Instituto tinha submetido a proposta vencedora a
outros órgãos da Secult como a Fundação Pedro Calmon, a Fundação Cultural do
Estado da Bahia (FUNCEB) e o Centro de Culturas Populares e Identitárias
(CCPI), este último responsável pela administração dos locais. Desses encontros
foram acolhidas algumas sugestões como as criações de uma biblioteca infantil e
de um palco multiuso no Largo Pedro Arcanjo.
Em um breve histórico sobre a urbanização, esvaziamento e repovoamento
do Centro Histórico de Salvador, o diretor do IPAC explicou como surgiram os
Largos. Utilizados como palcos para apresentações musicais, peças de teatro,
feiras de artesanato e até espaço de exibição de filmes, eles surgiram na
década de 1990 a partir dos antigos quintais das casas seculares que lá
existiam, formando “miolos” de quadras com nomes que reverenciam o escritor
baiano Jorge Amado, através de personagens dos seus livros (Tereza Batista,
Quincas Berro D’Água e Pedro Arcanjo) e identificados através de placas em
azulejo com desenhos do artista plástico Carybé e produzidos pelo azulejista e
colecionador, Udo Knoff.
“A ideia do concurso surgiu da preocupação do IPAC em requalificar os
largos. Isso nos pareceu fundamental porque, agora, passado um tempo de uso
desses espaços, nós vimos que é o momento de fazermos uma proposta
contemporânea para melhorá-los em vários aspectos. A nossa perspectiva é
aprimorar o que há hoje. Criar atrativos para que a população de Salvador volte
a frequentar o Centro Histórico”, explicou o dirigente.
Grande intervenção
Essa será a primeira grande intervenção nesses locais, desde que foram
criados. Para a concepção da ideia, o Studio Arthur Casas realizou diversos
estudos, dando aos três Largos do Pelourinho propostas diferenciadas. O Pedro
Arcanjo, localizado na Rua Gregório de Matos, será transformado em uma
espécie de belvedere entre a cidade histórica e a moderna, com um deck
utilizado como anfiteatro, camarim, mirante, cinema a céu aberto e uma
biblioteca infantil.
Já o Largo Tereza Batista, também situado na Rua Gregório de
Matos, continuará sediando eventos culturais da cidade, com um palco suspenso e
um discreto toldo branco dialogando com as fachadas, caracterizando-o como
largo da inclusão social, que engloba feiras de artesanato e culinária, com
instalações completas e infraestrutura para shows. Quanto ao Quincas
Berro D’Água, localizado na Rua Inácio Accioly, a ideia é reconstruir uma área
verde voltada para o lazer e entretenimento, com direito a parque, passeio
público, teatros de rua e rodas de capoeira.
Presentes no evento, o diretor do restaurante Casa da Gamboa, Claudio
Santana, e a presidente da Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico
de Salvador (AMACH), Jecilda Melo, acreditam que a criação de atrativos nos
largos pode aumentar a quantidade de visitantes. Para o presidente do Olodum,
João Jorge, o Pelourinho tem que caminhar como todos os patrimônios históricos
do mundo, o que inclui diversas atrações culturais como teatro e música. “Nós
queremos que as pessoas venham a qualquer hora do dia, todos os dias e para
isso é preciso criar uma aliança entre moradores, comerciantes e Estado”,
afirmou João Jorge.
De acordo arquiteta do IPAC, Yveline Hardman, as obras serão realizadas
em etapas, com um planejamento estratégico para que não ocorram interrupções
das atividades que hoje são promovidas nestes locais. O início está previsto
para 2013 e a conclusão até 2014, precedendo à realização da Copa Mundial de
Futebol. Mais informações estão disponíveis no site do IPAC, através do
endereço eletrônico www.ipac.ba.gov.br ou pelos telefones
(71) 3116.6728 e 3335.1195.